domingo, 8 de maio de 2011

A Criança Que Pensa Em Fadas

A CRIANÇA que pensa em fadas e acredita nas fadas 
Age como um deus doente, mas como um deus. 
Porque embora afirme que existe o que não existe 
Sabe como é que as cousas existem, que é existindo, 
Sabe que existir existe e não se explica, 
Sabe que não há razão nenhuma para nada existir, 
Sabe que ser é estar em algum ponto 
Só não sabe que o pensamento não é um ponto qualquer. 
                                              (Fernando Pessoa)

sexta-feira, 6 de maio de 2011

EU

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...

Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino, amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!

                                                          (Florbela Espanca)

quarta-feira, 4 de maio de 2011

TRAIÇÃO/INFIDELIDADE

"Infidelidade é o descumprimento de um compromisso de fidelidade. É uma violação de regras e limites mutuamente acordados em um relacionamento. Em sua acepção mais comum, a fidelidade é manter relações amorosas somente com uma pessoa que é sua parceira ou parceiro."


Começo esse post com uma pergunta: você perdoaria uma traição?
Bom, eu não.
E assim, faço outra pergunta: Por que as pessoas são infiéis?
Eu fui criada num mundo que parece ser paralelo ao das pessoas que eu conheço, já que a grande maioria das pessoas ao meu redor, considera traição algo normal.
A citação acima diz que fidelidade é manter relações amorosas somente com uma pessoa ou parceiro, por que não conseguimos (sim, generalizando), nos contentar com somente um relacionamento? Por que parece que a traição está cravada em nosso âmago?
Em que parte da história foi dito que trair é algo natural e que pode acontecer, quase que por acidente?
Quando você realmente ama alguém e acima disso, respeita esse mesmo alguém, só essa pessoa te basta, você não vê necessidade de olhar para mais ninguém e nem vontade de estar com outra pessoa, porque quem está ao seu lado, te completa, soma...
Sim, sou daquelas que acredita que a pessoa que trai, não ama e sim, sou criticada por pensar assim.
Já ouvi coisas do tipo: "Eu traio minha esposa só porque nós moramos longe um do outro, passamos muito tempo longe e eu me sinto sozinho. Mas eu amo muito a minha esposa."
Não, você não ama sua esposa. Quem você quer enganar?
O casamento costumava ser algo sagrado; parece que todos os valores estão sendo deixados para trás.
A relação extra conjugal sempre foi algo comum (mesmo assim, erradp), no Universo masculino. O homem sempre teve necessidade de auto afirmação e quase que por instinto animal, costumava ter mais de uma parceira. Mas em algum lugar do caminho, o qual não sei precisar, a mulher se achou no direito de fazer o mesmo, de começar a agir como homem.
Queremos espaço sim nessa sociedade machista, mas será que é desse jeito que seremos respeitadas?
A mulher quer ser reconhecida, quer ser vista e quer se fazer diferente do homem e superior a ele, mas será que ao trair e ser infiel, ter milhões de parceiros e desrespeitar a pessoa que está ao seu lado, ela está sendo superior? E ainda tem a capacidade de vir com a história de que "homem só muda de endereço", "homem não vale nada"... Mas o que estão 'valendo' as mulheres?
Uma pesquisa feita em uma Universidade de Londres comprovou que homens e mulheres com QI mais alto têm menos tendência a trair seus parceiros. Então, dá para concluir que a traição tem relação com inteligência, com evolução, certo?
Eu me questiono se quem trai, já foi traído em algum momento, se descobriu a traição. Posso garantir que é a pior sensação do mundo.
Você constrói sonhos e aspirações em torno de alguém que ama e saber que foi traído (a), destrói quaquer coisa e qualquer pessoa, por mais forte que seja; você se sente reduzido a quase nada, se sente trocado como se fosse uma mercadoria e não consegue parar de se perguntar onde foi que errou.
Você não errou! A pessoa ao seu lado não sabia amar.
Trair por que, ser infiel por que? Se o seu relacionamento está ruim, uma traição não vai fazer melhorar!
Essa desculpa é a pior de todas, sem dúvidas!
Eu olho o Mundo e as pessoas e, de verdade, não consigo ficar a vontade ao pensar em quais valores vamos deixar para as gerações futuras!
                                                       (Juliana Teixeira em http://juzinha-teixeira.blogspot.com)
                                        

segunda-feira, 2 de maio de 2011

A RESPOSTA

Um certo dia me perguntaram em que eu pensava para conseguir escrever meus textos, com um leve sorriso e uma desculpinha esfarrapada me desviei da pergunta. Mas resolvi responder essa pergunta com esse novo texto.
Eu penso no ontem, penso no agora e penso no amanhã.
O ontem e o hoje me são angustiantes e tristes, exceto por ter te conhecido, e meu futuro é o que me resta, pois, me é desconhecido e me traz esperanças, afinal de contas, se em um passado eu perdi muito e agora, no presente, estou tendo de sentir meu desejo ser a causa de minhas dores – e isso é algo claro de se ver, por eu deixar escapar por meus olhos a tristeza, ter minhas mãos trêmulas pelo nervosismo e ter meu coração disritmado – então eu tento criar - talvez, me iludir, seja a frase correta –boas expectativas para meu futuro.
Mas eu digo, minha tristeza do presente seria maior se sem ela em meus pensamentos tivesse. Por ela que tento esquecer o passado, ter um pouco mais de força no meu presente para consertar meu futuro e ter esperanças nele.
Por ela que hoje estou me erguendo das cinzas, por ela que hoje, mesmo ainda angustiado, eu consigo dar o primeiro passo para o meu futuro desconhecido. É por ela que ainda existo e é por ela que eu escrevo.
Seu rosto, todo momento em minha mente está, traz inspiração e ânimo para escrever, crescer  e, principalmente, viver.
Muitos poderão não entender o que escrevi até aqui, mas espero que a pessoa que me fez a pergunta tenha entendido minha resposta.
                                                                   (Natan Boanafina)

sábado, 30 de abril de 2011

Mas... E quem é?

Sempre que me perguntam "Você é feliz?" Eu penso: - Não, eu não sou... Mas, afinal, O que é ser feliz? É um conceito fechado, delimitado por regras? É um conjunto de conquistas pessoais e materias? É a beleza física? A evolução espiritual? Nossa... Não sei... Porque, sério, para mim, nada disso é ser feliz... A felicidade é um engodo social... É o que nos disseram para perseguir, para que não parássemos de caminhar... Muitos vão dizer que a felicidade está dentro de nós, que não podemos projetar nossos ideais de felicidade em outras pessoas... Mas, então, se não posso acreditar que minha felicidade está nos outros, nunca poderei encontrá-la...Porque em mim ela não está... Eu nunca a vi... Nunca flertei com ela... Nunca sequer ousei chegar muito perto do que, conceitualmente, ela é...
Bem, acho que para mim o que resta são as gargalhadas soltas em momentos frívolos... O pequeno prazer de um gosto bom em minhas papilas gustativas, a pureza que sinto em mim quando olho para um animal... Talvez a felicidade para mim seja isso... Mas, se for, é tão pouco que não motiva o meu caminhar suficientemente, porque, neste momento, só penso em parar....


Jana S.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

O MAR E A ESPERANÇA


Sentado na areia tenho o mar bravio como minha companhia; somente ele me escutará, me julgará e minhas lágrimas secará.

Penso em você.

A tristeza invade meu coração e ali permanece até começar a exsudar o salso licor pelos meus olhos, embebendo todo o meu rosto; e em minha frente somente o mar bravio enquanto pranteio.

Desejo-te a cada instante.

Você me está tão perto, mas tão distante, que transformo em dor os sussurros da esperança em meus ouvidos.

Vejo-te na linha do horizonte.

As lágrimas continuam a dimanar de meu olhar; por que estás a me esperar no horizonte? Será esse meu destino, caminhar em sua direção e nunca alcançá-la?

Talvez em um momento de insanidade ou de profundo anseio, eu vejo o acalmar do bravio mar dizendo-me que sou eu quem está a vê-la nas miragens do horizonte.

Surge a última lágrima a verter em meus olhos seguido pelo desabrochar de um leve sorriso da dolorosa esperança.

Levanto-me e me retiro com aquele pequeno fio de esperança no coração de um dia ter minha amada ao meu lado.
                                                                  (Natan Boanafina)

sexta-feira, 22 de abril de 2011

CRISE EXISTENCIAL

-O que te fez vir até a mim? a procurar minha ajuda?
-Doutor, eu vim até aqui para tentar entender os humanos e ao mesmo tempo conhecer minha origem.
- Certo, então sinta-se à vontade para falar. Dar-te-ei toda atenção.
- Doutor, andei vendo e estudando o comportamento de alguns desses seres mas não consigo compreendê-los.
Mês passado, um casal apaixonado, estavam um tempo afastado por brigas bobas, se reencontrou, e a jovem moça jogou a culpa em mim por tal fato. Tudo bem, fiquei feliz por eles mas não fui eu quem os uniu.
- Quantos anos ela tinha?
- Devia ter entre seus dezoito e vinte anos.
-Certo... prossiga!
- Há pouco tempo ocorreu uma fatalidade que afastou esse casal de novo, só que dessa vez sem volta. A menina faleceu devido a um acidente de carro. Adivinha doutor, em quem o jovem rapaz desconsolado jogou a culpa? Em mim! Doutor, eu juro, eu não mato ninguém nem forjo meios para que isso aconteça. Não forjo nada para ninguém, eu mesmo não sei se existo, como poderei criar algo para os que tem certeza que existem? Eles me criam, simplesmente.
- E esse jovem rapaz? Qual a idade?
- Esse eu creio ter seus vinte e cinco anos.
- Sim, prossiga.
- Ontem, uma criança de aproximadamente dez anos atravessava a rua quando um homem ultrapassou o sinal vermelho, atropelou e matou aquela pequena alma. Eis que me surge um comentário de uma senhora que viu o corpo da criança estendida no chão, dizendo que eu era cruel.
De novo, doutor, porque eu? Eu já disse que não mato nem crio nada nem ninguém, eu que sou criada, talvez fruto da imaginação de alguém ou me pegaram parar servir de culpado de tudo. Por que tudo que acontece entre os humanos tem de ser culpa minha? Por que?!
- Humm... interessante observação a sua. Mas já parou para pensar que os humanos não gostam de ser culpados por nada? Só querem ter o mérito de atitudes que lhes tragam “status”, reconhecimento?
- Mas por que logo eu tenho de ser o responsável?
- Porque nós humanos te criamos para isso.
- Doutor, o senhor acredita em minha existência?
- Não.
Bom, por hoje nosso tempo se esgotou. Lembre-se sempre de se desligar de todas suas tensões, vá se distrair, tirar umas férias.
- Então está certo, semana que vem volto para mais uma seção. Até mais.
Saindo de seu consultório, o terapeuta presencia o atropelamento e morte consequente de um jovem estudante. Indignado com a cena, ele reclama mentalmente:
-“Uma vida perdida. Esta criança tinha um mundo pela frente e morre assim, tão tragicamente. Mas que frieza do destino...”
                                                              (Natan Boanafina)
               

quarta-feira, 6 de abril de 2011

PULSOS

Meus pulsos doíam demais. Eu sentia a pulsação por todo o corpo; sentia minha energia esvair-se na direção dos braços. Estava fraca e quase não enxergava. Junto com a dor, vinha a tristeza e a depressão.  Por causa da minha quase falta de visão, a penumbra que cobria meu quarto aumentava minha angustia e meu medo de ficar no escuro, pois sabia que não tendo uma imagem para olhar quando fechasse meus olhos,  nunca mais eles se abririam.
   Olhava ao meu redor com grande esforço e atenção para recordar-me daquilo que havia sido meu refugio: o meu quarto. Era como um camarote de onde via, graças à minha janela, os fantoches em seu melancólico espetáculo,  indo e vindo sempre com as mesmas expressões, com a mesma pressa, com o mesmo vazio.
   Tudo era tão artificial! Até mesmo onde havia beleza, tinha um toque de algum decorador. Quando era criança, costumava levantar e deitar a cabeça no batente da janela para olhar o lago à noite, depois que minha mãe me punha na cama. Ele era lindo!... As luzes refletiam em sua superfície espelhada, dando um tom amarelado em partes dispersas em contraste com o intenso azul da água. Eu pensava que aquela iluminação vinha do céu, das estrelas, mas não, vinha dos prédios da cidade e não estava ali porque era belo estar ali, mas por uma simples conseqüência.
  O intenso cheiro de sangue misturado ao meu perfume adocicado aumentava tanto minha dor de cabeça quanto meu enjoo. Estava tonta, mas queria me levantar. Dobrei  as pernas e tentei suspender meu corpo; pus a mão ao chão em um ato de reflexo. Senti como se uma linha de fogo queimasse o corte. Um baixo gemido escapou de meus lábios e dissipou-se no silencio. Comecei a chorar baixinho. Levantei-me com esforço e mais um pouco de dor. Meu corpo estava tão leve... Minhas lágrimas desciam pelo rosto fazendo uma cócega tão agradável que, da minha boca, partiu um sorriso.
  Andei sem dificuldade pelo escuro, porque conhecia tão bem aquele espaço quanto a mim mesma. Meu corpo parou. Estendi a mão  _ a dor já não fazia efeito _ , e senti o frio que entrava pela janela esfriar minhas lágrimas. Olhei para o lago e acompanhei o contorno que a cidade fazia ao seu redor, ate que meus olhos bateram em um casal de idosos que estavam bem juntinhos, de braços entrelaçados. Para protegerem-se do frio, ou como simples forma de carinho? Não sei. Mas, ao olhá-los, despertou-se em mim grande vontade de viver, de ter um momento como aquele para mim. Os dois estavam tão bem juntos e demonstravam tanto amor... Meus olhos os acompanhavam com medo de perder qualquer detalhe daquela rara cena como se eu nunca tivesse visto uma atuação como aquela.
Minhas pernas bambearam. Um pânico percorreu todo meu corpo. Cambaleei para trás e fui levada ao chão novamente. Não me movia. As cordas que me prendiam foram cortadas. Meu papel havia chegado ao fim. O que acontecia aos fantoches que cumpriam sua parte no espetáculo? Iam de encontro ao seu roteirista?
Estava muito próxima de descobrir.

                                                                                                              Laíza Lima

terça-feira, 5 de abril de 2011

CORAÇÃO CIGANO

Quisera eu ser um cigano, mas não um cigano conforme conhecemos hoje em dia, não não: aquele que monta seu acampamento por um tempo e antes mesmo de se criar um amor pelo local já pegam suas trouxinhas, levantam acampamento e saem em busca de um novo lugar para ficar, sem ter uma mínima saudade do lugar antes deixado para trás.
Eu não queria ser este tipo de cigano, não! Eu queria mesmo era ser um cigano do amor: aquele que monta seu acampamento no coração das mulheres e sem mais nem menos bate em retirada sem olhar para trás, sem sentir saudades dos momentos ali vividos.
Ah! Como seria bom ser assim. Eu não sofreria de saudade, não sofreria de amor; minhas lembranças seriam só mais uma lembrança de uma vida que sempre foi igual. Mas, infelizmente, não consigo ser um desses ciganos, pois em cada coração que eu passo, faço questão de deixar meu vestígio, um sinal de que eu montei meu acampamento ali, e que no mínimo, felicidades eu deixei.
Como se não fosse o bastante, eu estive naquele coração o tempo suficiente para olhar para trás e pensar: que saudades! E ter em meus olhos a digna lágrima da despedida e da tristeza e o pensamento culposo de por algum motivo ter tido de sair dali.
                                                               (Natan Boanafina)

domingo, 3 de abril de 2011

SONHOS DO DESEJO

 ...e mais uma noite: só, amargurado, exausto e desesperançado.
 Retiro meus sapatos e meu paletó, afrouxo minha gravata e como em um último ato de um espetáculo, do meu espetáculo, diário e particular, meu corpo se lança à minha cama.
Nos três minutos que se seguem, fixo meu olhar para o teto, não sei mais o que pensar ou imaginar: não tenho forças para tais privilégios. Começo a sentir repentinamente aquele afago que me visita toda noite, afago daquela mão, mão única e inconfundível, a mão que acaricia-me o rosto com a sutileza de uma pluma embebida de afeto, amor, carinho e atenção; a mão da esposa atenciosa ou talvez a mão da amante apaixonada, não sei e também não me importo, tudo o que sei é que estou me acalmando, minha mente não está mais a mil por hora, estou me confortando ao ponto de querer desabrochar um suspiro, mas como disse anteriormente, ainda estou me acalmando, estou tenso.
Começo a acreditar que meu dia, minha luta, foi realmente recompensada pelas mãos de uma mulher – estou certo de ser uma mulher, embora não consiga ver seu rosto ou seu corpo – só sei que estou me apaixonando por essa mão, por essa amante.
Ainda estou tenso porém mais tranquilo do que quando cheguei em casa.
O carinho em meu rosto continua suavemente: é um anjo! Exclamei em meu pensamento. Por uns segundos a mão tão afável se separa de minha face e em minha frente começa a aparecer um corpo feminino, um corpo que parecia ter sido esculpido com toda a preocupação de um escultor dedicado. Meus olhos inspecionam cada detalhe de seu corpo. Mas, e o seu rosto? como seria?
Ergo-me o olhar em direção ao seu rosto, vejo seu queixo perfeito, simétrico, olho seus láb... e assustado acordo com o despertador a tocar:
- Cinco da manhã! e assim erguem-se as cortinas para recomeçar o show, o meu show diário...
                                                              (Natan Boanafina)

quinta-feira, 31 de março de 2011

AMIGA QUIMERA

A brisa daquela noite passara pela janela adentro trazendo sua companheira inseparável que buscava constantemente um amigo... por cinco minutos: Quimera! Eis o nome dela!
Suspiro instintivamente, meus olhos se fecham deixando um leve sorriso em minha boca e assim começo a escutar minha amiga narrar a história da minha paixão:
-O ar da sedução toca seu corpo, sinta sua presença menina com ar de mulher, sinta-se provocado pelo seu olhar que está te dizendo: “Aqui estou! Desvende-me!”.
Encante-se, meu amigo, não tem porque ter medo – dizia minha amiga, fonte de imaginação – vá a seu encontro, leve suas mãos ao rosto de tua amada, sinta a delicadeza de sua pele, veja como é linda! As deusas do Olímpo se curvam à beleza real desta mulher-menina, meu caro. Choque seu olhar ao dela, sinta o arrepio da emoção de estar com sua amante. Aproxime seus lábios aos dela... mas agora, meu caro, devo partir. Outros amigos me esperam para conversar. Foi um prazer, volto mais vezes!
Junto à mesma brisa com que chegou, minha amiga saiu por minha janela em busca de mais amizades necessitadas de um amparo emocional.
E assim, durmo sentindo minha amada ao meu lado, porém, sem enxergá-la, sem tocá-la e sem sem ela!
                                                          (Natan Boanafina)

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A DANÇA DA PSIQUE

A dança dos encéfalos acesos
Começa. A carne é fogo. A alma arde. A
[espaços
As cabeças, as mãos, os pés e os braços
Tombam, cedendo à ação de ignotos pesos!
É então que a vaga dos instintos presos
- Mãe de esterilidades e cansaços -
Atira os pensamentos mais devassos
Contra os ossos cranianos indefesos.
Subitamente a cerebral coréia
Pára. O cosmos sintético da Idéia
Surge. Emoções extraordinárias sinto...
Arranco do meu crânio as nebulosas.
E acho um feixe de forças prodigiosas
Sustentando dois monstros: a alma e o instinto!
                                           (Augusto dos Anjos)