terça-feira, 5 de abril de 2011

CORAÇÃO CIGANO

Quisera eu ser um cigano, mas não um cigano conforme conhecemos hoje em dia, não não: aquele que monta seu acampamento por um tempo e antes mesmo de se criar um amor pelo local já pegam suas trouxinhas, levantam acampamento e saem em busca de um novo lugar para ficar, sem ter uma mínima saudade do lugar antes deixado para trás.
Eu não queria ser este tipo de cigano, não! Eu queria mesmo era ser um cigano do amor: aquele que monta seu acampamento no coração das mulheres e sem mais nem menos bate em retirada sem olhar para trás, sem sentir saudades dos momentos ali vividos.
Ah! Como seria bom ser assim. Eu não sofreria de saudade, não sofreria de amor; minhas lembranças seriam só mais uma lembrança de uma vida que sempre foi igual. Mas, infelizmente, não consigo ser um desses ciganos, pois em cada coração que eu passo, faço questão de deixar meu vestígio, um sinal de que eu montei meu acampamento ali, e que no mínimo, felicidades eu deixei.
Como se não fosse o bastante, eu estive naquele coração o tempo suficiente para olhar para trás e pensar: que saudades! E ter em meus olhos a digna lágrima da despedida e da tristeza e o pensamento culposo de por algum motivo ter tido de sair dali.
                                                               (Natan Boanafina)

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